De Alex Meuman, recebemos o texto transcrito abaixo.
Saulo
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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Pequenas lições de democracia
Sobre a polêmica em relação à obra na Estação Ferroviária, futura sede do Museu Ferroviário de Araraquara, gostaria de fazer algumas considerações. Primeiro, em nenhum momento foi dito que o museu não deveria ser reaberto, pelo contrário, como 75% das cidades do Estado cresceram graças às ferrovias é justo que conheçamos o nosso passado e que sua memória seja preservada para sabermos de onde viemos e o que desejamos. Segundo, ninguém questiona a necessidade da escada e do elevador para garantir a acessibilidade e a segurança dos visitantes do museu, que deve ser um local de conhecimento, de preservação e de respeito à diversidade. O que se discute são as possibilidades de instalação destes dois itens em locais que não descaracterizariam o saguão da estação. Portanto, tentemos não desviar o assunto para uma possível discriminação contra idosos ou pessoas com deficiência, porque este nunca foi um ponto de divergência. Por fim, ninguém questiona os pontos positivos, e são muitos, da gestão que o Senhor Edinho Silva fez pela cidade, principalmente em relação à cultura, mas daí a ouvir da boca do prefeito que, quando a estação foi entregue à prefeitura ela estava destruída e houve um esforço brutal de sua gestão para a recuperarem, talvez seja necessário relembrar alguns fatos. Durante os anos de 1998 a 2006, quando a estação estava ainda em mãos da ALL, ela foi protegida dia e noite pelos seguranças da empresa. A partir do momento em que a estação foi passada às mãos da Prefeitura, a vigilância foi retirada e a estação foi abandonada pelo governo, passando a ser freqüentada por viciados e moradores de ruas, que urinavam, defecavam e faziam fogueiras com os móveis restantes na estação para se protegerem do frio. Infelizmente esta história ocorreu ainda durante a gestão do prefeito Edinho Silva. Portanto, nenhum favor à população; pelo contrário, ele está cumprindo o seu papel enquanto governo ao recuperar o que o descaso de sua própria gestão deixou que fosse destruído.
Fui testemunha, como moradora de outras cidades, de muitas prefeituras geridas pelo PT que se destacaram pela louvável gestão e atenção aos quesitos culturais e educacionais. Com Edinho Silva não é diferente. Porém, enquanto moradora de Araraquara e eleitora, também percebo que, como tantos outros partidos, o desespero por inaugurar a maior quantidade de obras possíveis, usando dinheiro público, mas de forma muitas vezes pouco cuidadosa e sem critérios, como foi o caso da Estação Ferroviária, também me preocupa, enquanto cidadã, contribuinte e repórter cultural. A obra merecia sim, ter seu projeto desenvolvido com base em pesquisa criteriosa sobre estações ferroviárias, além de uma consulta a órgãos competentes e renomados no setor. Ao contrário do que muitos andam afirmando, isso não se trata de uma briga política, elitista ou de egos. Faz parte do papel da imprensa cobrar e denunciar os rumos dados ao dinheiro público e ao patrimônio histórico de uma cidade. A população e os órgãos competentes têm o direito de questionar, opinar e criticar. Isso tem um nome: chama-se democracia. *Jornalista Luciana Mendonça
Transcrito do jornal TRIBUNA IMPRESSA (Araraquara)
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