sábado, 14 de março de 2009

A nova casa do trem

24 de abril de 2008. N° 22Alerta


História

A nova casa do trem

Estação ferroviária reabre com festa e boas histórias
Fechada desde 1996, a Estação Ferroviária de Joinville reabre hoje, sem trens e passageiros. O local, revitalizado, é agora um espaço cultural. Mas muitas pessoas embarcarão em uma viagem pela memória ao pisar na estação. No caso de Francisco Luiz Mello, as lembranças o atropelam como uma locomotiva. "Durante mais de 40 anos peguei trens aqui. A passagem mais emocionante da minha vida ocorreu nesta plataforma", diz o aposentado de 69 anos, mostrando os braços arrepiados de emoção.Em 1948, o então recruta Francisco retornava de um missão em Francisco Beltrão (Paraná). Ele e os demais soldados do batalhão de Joinville foram combater uma invasão de terra, e voltavam para casa de trem. Na estação, foram recepcionados por centenas de pessoas e a banda do Exército. "Por uma coincidência incrível, a porta onde eu estava parou exatamente em frente de meu pai (que era ferroviário). Como eu usava um quepe, ele não me reconheceu, e perguntou, todo afobado, se eu conhecia o Francisco. Eu tirei então o quepe e ele viu que estava falando com o filho", conta, com a voz embargada.Fundada em 1906, a Estação Ferroviária de Joinville era o ponto de embarque para cidades como São Francisco do Sul, Rio Negrinho, Corupá e Jaraguá do Sul. Amarilis Laurenti, gerente de Patrimônio, Ensino e Arte da Fundação Cultural de Joinville (FCJ), lembra que na infância ela e os amigos viviam na estação. "Um de nossos programas favoritos era pegar o trem até Corupá, para comer banana seca (risos). A cidade inteira tinha uma relação especial com os trens. Era uma viagem barata e muito prazerosa", diz.Os trens de passageiros pararam de funcionar em 1985, e em 1996, com as privatizações das ferrovias, o prédio da estação foi tombado pela Fundação Catarinense de Cultura. A edificação reformada abrigará uma exposição que conta a história da estação. Faz parte da mostra uma passagem doada por Francisco Luiz Mello, de uma viagem feita em 1976. "Vim de Guaramirim, minha cidade natal, para cá de trem, há 60 anos. Passei centenas de horas aqui, esperando - os trens sempre atrasavam! É muita emoção ver esse prédio todo restaurado
assim".( rodrigo.schwarz@an.com.br )

RODRIGO SCHWARZ

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