MATÉRIA PUBLICADA NO JORNAL TRIBUNA IMPRESSA 13/12/2008
A ABPF e o Museu Ferroviário
GERALDO GODOY*
Quero, de público, em nome de todos os companheiros que lutam pela preservação do patrimônio ferroviário brasileiro, cumprimentar a jornalista Luciana Mendonça, pelo seu artigo intitulado "Pequenas lições de democracia", publicado na Tribuna Impressa de 11 de dezembro último.
O artigo de Luciana Mendonça foi brilhante, indo diretamente ao âmago da questão.
Durante toda essa polêmica sobre a questão da escada e do elevador, que, aliás, poderia ter sido facilmente resolvida desde o início com simples e edificantes palavras como: "Realmente nós erramos ao fazer essa intervenção e vamos fazer todo o possível para reparar esse equívoco".
Pronto. Estaria encerrado o assunto. Sem a necessidade fazer exatamente o contrário e sair atacando aqueles que se sentiram indignados com o que foi feito. E o que é pior, utilizando desculpas as mais esdrúxulas, como colocar a culpa nos Bombeiros ou contra-atacar alegando que o prédio da estação estava destruído por culpa de administrações passadas, o que não é verdade.
Um administrador público mostra sua verdadeira grandeza quando dá um exemplo de humildade, reconhecendo o que foi feito de errado.
Isso é outra pequena lição de democracia.
Nós, da ABPF – Associação Brasileira de Preservação Ferroviária decidimos apoiar o Museu Ferroviário fornecendo o nosso acervo que irá compor o seu recheio cultural.
Esse apoio está vindo mesmo depois de, durante anos, termos sido esquecidos, marginalizados, desprezados e nunca citados em nenhum momento sempre que se tratou desse acervo museológico, o qual era considerado como não sendo da ABPF e estaria à disposição a qualquer tempo e a qualquer hora. Isso foi sempre um grande equívoco.
Apesar desse tratamento recebido, decidimos, sim, apoiar o museu ferroviário porque ele faz parte dos objetivos culturais e estatutários da nossa associação e porque somos defensores da preservação da memória e da história ferroviária do nosso país.
O nosso ideal preservacionista e a nossa conduta ética falam mais alto do que qualquer desaforo recebido.
É bom que todos saibam que a ABPF não é principiante em matéria de museus ferroviários. Ela já implantou e administra vários museus, como o de Jaguariúna (SP), o de São Paulo (no Memorial do Imigrante), o de Rio Negrinho (SC), o de Piratuba (SC), o de Curitiba (PR), o de Soledade de Minas (MG), o Museu da Sinalização Ferroviária (Rio de Janeiro), o da pequenina Trabiju (SP, em parceria com a prefeitura) e o maior de todos: o Museu da Tecnologia Ferroviária (em Paranapiacaba). São ao todo nove museus.
E a jóia da coroa ainda está por vir. Ela será o Museu Aberto da Ferrovia, em São Paulo. Um superprojeto que está sendo desenvolvido pela ABPF e que conta com o apoio do Governo do Estado e da Prefeitura de São Paulo.
Fora os museus estáticos, a ABPF também tem os seus Museus Dinâmicos representados pelas ferrovias turístico-culturais implantadas e operadas pela associação, que levam o visitante a uma verdadeira viagem ao passado através do trem. Ao todo são oito ferrovias.
A ABPF é também detentora do maior acervo de material rodante ferroviário histórico do Brasil e um dos maiores do mundo.
Tudo isso preservado, com muita ética e respeito, e devolvido ao público como era no passado. Graças ao trabalho voluntário dos associados.
Esse trabalho digno e grandioso - um magnífico exemplo de cidadania - é reconhecido em todo o Brasil e também no exterior, já que nossa entidade é filiada a outras associações internacionais.
Esse é o grande mérito da ABPF que gostaríamos que fosse reconhecido também aqui.
Escadas e elevadores à parte, mesmo porque não abriremos mão do direito de criticar e de, um dia, resolver esse problema, vamos, enquanto ABPF, cumprir a nossa missão e nos engajar de corpo e alma no Museu Ferroviário de Araraquara.
Podem ter certeza que faremos tudo para ter em nossa cidade um Museu da mais alta qualidade cultural.
*Assessor de Relações Públicas da
ABPF (Associação Brasileira de
Preservação Ferroviária)
Um comentário:
eu vejo um pessoal trabalhando voluntario em uma maria fumaça em PORTO UNIÃO SC e ate que eu sei nunca vi apoio da abpf
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