quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Museu Ferroviário: chegou a hora do bom senso

Amigos,

Transcrevo mensagem recebida a respeito da polêmica do Museu de Araraquara.

Um abraço a todos.

Saulo

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Museu Ferroviário: chegou a hora do bom senso

No dia 23 de novembro, a Tribuna publicava neste espaço de opinião o editorial "Museu Ferroviário: retrato de uma era e motivo de orgulho". Naquele texto, procurávamos sintetizar a importância da iniciativa para a cidade, a realização de um sonho de décadas, a preservação da memória, a perpetuação da história daqueles que construíram o município e escreveram nosso passado.
Mostrávamos as dificuldades para a consecução da obra, o investimento modesto diante da relevância do museu, mas ressaltávamos, principalmente, seu significado: "Para nossos filhos e gerações futuras, para o imenso grupo de ferroviários que compartilharam a história, o museu deve ser, antes de tudo, motivo de orgulho".
Em sã consciência, nenhum araraquarense tem dúvidas sobre o valor da iniciativa da Prefeitura. Esta não é a discussão. O museu vai passar a fazer parte do nosso dia-a-dia, vai receber estudantes e turistas, vai mostrar aos visitantes o inestimável valor de uma era. Trata-se de um patrimônio e ponto final.
Nas últimas três semanas, porém, o debate sobre as alterações inadequadas no prédio histórico da estação - das quais já falávamos naquele editorial de 23 de novembro - esquentou de tal forma que deu margem a episódios de completo nonsense. A questão principal foi a descaracterização do hall de entrada do edifício com a construção de uma escada e de um elevador para facilitar a mobilidade de idosos e dificientes físicos. Ora, alguém tem dúvida sobre a necessidade de facilitar a vida de idosos e deficientes? Claro que não. Mas aquela solução "arquitetônica" era a única possível? Claro que não.
A partir de um artigo indignado do escritor araraquarense Ignácio de Loyola Brandão, também colunista deste jornal, a respeito do desrespeito ao edifício original e em defesa do patrimônio, a discussão pegou fogo e deu margem para manifestações esdrúxulas e argumentações sem sentido, incluindo "subdebates" sobre preconceito, sobre questões de gênero humano e sobre quem nasceu onde e quem mora ou não mora na cidade.
A troca de opiniões em si é saudável e as páginas deste jornal _ como a população testemunhou - estão abertas a isso, ainda que algumas ilações tenham deteriorado o entendimento do tema central. Dentre as muitas manifestações dos últimos dias neste espaço, houve também posições ponderadas de especialistas, como a dos representantes da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF). Em uma série de matérias, a repórter Luciana Mendonça seguiu de perto a polêmica para o caderno TÔ!Ligado, ouviu arquitetos, historiadores, artistas e muitos representantes da cena cultural da cidade. As reportagens e entrevistas foram publicadas ao longo dos últimos 15 dias, agora também fazem parte da história e serviram para ajudar os leitores a formar uma opinião.
Mas a verdade é que, depois de tanta discussão, incluindo alugmas ofensas descabidas, o centro da polêmica - a tal escada no hall e o elevador - poderia parecer um caso sem solução. E não é. No momento em que o Governo Municipal entender que todos aplaudimos a criação do museu, que a iniciativa vai entrar para a história desta Administração, mas que, em nome do patrimônio cultural e da memória, o prédio da estação precisa conservar suas características, não haverá mais dificuldades. Arquitetos competentes, provavelmente no contexto do próprio projeto da Prefeitura, vão achar outro espaço para a escada e o elevador - já que os especialistas garantem que é possível. E tudo estará resolvido. Trata-se agora, de querer resolver a questão ou insistir em uma troca de acusações, que incluem delírios ideológicos e vaidades que escondem profunda falta de espírito público. E evitar recaída do autoritarismo que vimos na raiz de várias trombadas recentes, sempre do mesmo tipo: eu sei o que é bom para a população, "eu decido e pronto".

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