quarta-feira, 12 de agosto de 2009



Rodrigo Viana

A previsão de término da Ferrovia Norte-Sul até Anápolis é julho de 2010. Em jogo está a transformação dos produtores do Centro-Oeste em agentes competitivos no mercado internacional. No entanto, o impacto da ferrovia não se restringe à economia goiana, alerta o presidente da Valec, empresa responsável pela construção, José Francisco das Neves, o Juquinha (foto). Os efeitos da obra também serão sentidos nos campos político e social. E a consequência ultrapassará os limites do Estado, da região e até do País. Ele compara o impacto da ferrovia na economia e na distribuição demográfica à construção de Brasília, em 1960.

Em entrevista ao DM, Juquinha aponta que o retorno do País ao investimento ferroviário, depois de um hiato de cinquenta anos, fará com que os próximos presidentes se beneficiem da malha construída. A obra ainda tornará líderes do Centro-Oeste e Norte mais fortes nas negociações em Brasília. Além da produção de grãos e biocombustível goianos, os trens que cortarão o Brasil beneficiarão a região de minérios na Bahia e a produção de eletrodomésticos na Zona Franca de Manaus. Leia abaixo a entrevista na íntegra:

Diário da Manhã – Qual a real importância da construção da Norte-Sul para o Brasil? Juquinha das Neves – Henrique Meirelles em recente entrevista disse que apenas a conclusão da Ferrovia Norte-Sul até Anápolis representa uma nova construção de Brasília em termos de impacto. Chega a ser mais importante que a construção de Brasília para o Brasil.

DM – A crise econômica internacional vai atrasar o término da ferrovia? Juquinha – Por decisão do presidente Lula a Ferrovia Norte-Sul vai ser concluída no prazo. Não faltarão recursos, mesmo apesar da turbulência econômica. Não tem crise para construção de ferrovia no Brasil! O presidente ordenou que não faltassem recursos para esta construção, que é o projeto maior do governo federal. Até 2010, Lula quer concluir o trecho até Anápolis. Você vai sair do porto de Itaqui (MA) e chegar direto em Anápolis até 2010. Em 2011 ela vai chegar até São Paulo.

DM – O dinheiro para a conclusão já está garantido? Juquinha – Os recursos, pra você ter uma idéia, já estão todos alocados. Só nesse ano, nós estamos com R$ 3 bilhões para investimentos de ferrovia. Já está na conta da Valec. Só pra esse ano. Então, o Lula realmente deu ênfase no modal ferroviário a fim de inseri-lo dentro da matriz de transporte do Brasil. Colocar o modal ferroviário no lugar em que ele deve estar.

DM – O impacto da ferrovia beneficiará principalmente o Estado de Goiás? Juquinha – É uma transformação não só de Goiás, como também do nosso País. O projeto chega a envolver até países da própria América do Sul com isso. Os países latino-americanos vão se beneficiar e o Brasil mais ainda. Vai se fortalecer ainda mais.

DM – E como a obra afeta os outros países? Juquinha – Já existe o projeto da chamada Ferrovia Transcontinental que vai sair do norte fluminense, vai passar aqui por Brasília, Goiás, Uruaçu e chegar em Vilhena em direção ao Acre. Vai chegar na divisa de Boqueirão (AC) com o Peru. Tem uma extensão de mais ou menos 4 mil quilômetros. Isso aí está dentro do programa e vai começar a captar recursos e o modal ferroviário se consolida. Entra de vez na agenda.

DM – O investimento em malha ferroviária é a saída para o desenvolvimento? Juquinha – Sim. No Brasil, desde de 1950 não se constroem mais ferrovias. A não ser alguns pequenos trechos. O que o presidente Lula está fazendo é modificar toda a logística de transporte e escoamento de produtos na economia brasileira. Ele está, na prática, resgatando todas as falhas de outros governos e de outros presidentes. Ele vai ser lembrado no futuro como o presidente que mais construiu ferrovias no Brasil. Vai entregar 1,35 mil quilômetros só na gestão dele. Nenhum presidente fez isso. E vai deixar mais 2,2 mil quilômetros em obras, que seriam continuação da Ferrovia Norte-Sul até São Paulo.

DM – O investimento em ferrovias é um caminho sem volta? Juquinha – Começa a despertar para isso aí. O presidente Lula está colocando de uma forma tal que não tem mais retorno. Os novos presidentes que assumirem naturalmente não poderão mais deixar essa bandeira de lado. Vão ter que tocar o projeto.

DM – O impacto será direto nas regiões Norte e Centro-Oeste? Juquinha – Mais que isso. Além dessa ferrovia, o presidente já autorizou no mês de dezembro, em uma reunião que tive com ele, a construção de mais 1,5 mil quilômetros de ferrovia que vai chegar até Figueirópolis, no Estado de Tocantins. Vai atravessar a região de minérios da Bahia, vindo do litoral e passando pelas cidades de Barreiras, Luiz Eduardo Magalhães e vai chegar a Figueirópolis, conectando-se com a Ferrovia Norte-Sul.

http://www.goiasparcerias.com.br/?q=conteudo/55/ferrovia-norte-sul-muda-curso-da-história

Informativo mensal da Associação Nacional de Preservação Ferroviária - JULHO 2009

Para conhecimento de todos.

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ANPF recebe nova locomotiva em Sabaúna

A nota de destaque no mês de julho foi sem dúvida a chegada da nova locomotiva da ANPF em Sabaúna, no desfecho de uma negociação iniciada em 2004 e a operação que foi montada para possibilitar o recebimento do veículo, já que ela veio pelos trilhos da MRS. Fizemos uma pequena reportagem para falar mais da máquina, da ajuda do pessoal da Gerdau e da MRS e da dedicação dos voluntários da ANPF na remoção, que era para ser diurna mas acabou somente por volta de 20:00h e ainda por cima com chuva. Mas foi uma alegria, veja a reportagem no site da ANPF.

Mês que vem tem mais!

Desculpem-nos nossos amigos, associados, colaboradores e fãs de assuntos ferroviários, mas com toda nossa atenção voltada para a nova locomotiva, não nos foi possível produzir um noticiário mais extenso. Esperamos voltar à nossa produção normal já no próximo informativo.

Se você não quiser mais receber este informativo da ANPF, basta comunicar-nos pelo e-mail com@anpf.com.br, que cancelaremos o envio.


DIRETORIA DE COMUNICAÇÃO
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PRESERVAÇÃO FERROVIÁRIA - ANPF
www.anpf.com.br