quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Entidades de Preservação Ferroviárias

Com o propósito de consolidar no país a atividade preservacionista ferroviária, as entidades hoje existentes são o resultado da ação abnegada e idealista de seus fundadores, associados e colaboradores.

Cada qual com sua própria história e trajetória, têm em comum o respeito, a dedicação e a valorização da ferrovia, buscando através de seu trabalho sensibilizar e despertar a sociedade e as autoridades para a importância deste segmento.

Graças a esse empenho uma parcela importante da memória ferroviária no Brasil, representada por raridades preservadas em museus e em operação, documentação histórica e registros fotográficos, foi salva da destruição.

Apesar dos esforços e realizações, muito se perdeu ao longo dos anos e as dificuldades ainda são grandes. O futuro da preservação ferroviária neste momento depende da sensibilidade sobre o valor, a importância e o significado deste segmento para a memória nacional.

Retirado do site:
http://www.trem.org.br/guiaent.htm

FERROVIAS NO BRASIL: SUCATEAMENTO COMPLETA 150 ANOS.



Cemitério de locomotivas no Horto Florestal, em Belo Horizonte.

Por Latuff*


Se o Barão de Mauá, fundador da primeira estrada de ferro no Brasil, pudesse levantar de seu túmulo para hoje participar das comemorações dos 150 anos da ferrovia, certamente pediria pra voltar ao mundo dos mortos. Ele, que no século 19 teve seus sonhos desenvolvimentistas sabotados pelo imperador D. Pedro II, certamente veria com desgosto que mesmo no século 21, a ferrovia continua sendo boicotada, dessa vez por interesses locais, nacionais e multinacionais, como empresas de ônibus, montadoras de automóveis e fabricantes de pneus.

A política rodoviarista do governo Juscelino Kubistcheck , que escancarou as portas do país a sanha das mega-corporações automobilísticas norte-americanas na década de 50, deu início a um longo processo de sucateamento da malha ferroviária, com desativação de trechos considerados "pouco lucrativos", degradação do material rodante e precarização dos serviços oferecidos aos passageiros. Com o advento do neo-liberalismo, as estradas de ferro foram privatizadas nos anos 90, com a promessa de um transporte de melhor qualidade. No entanto, as empresas que venceram os leilões de privatização utilizam a maior parte da malha ferroviária nacional para o transporte de cargas, restando apenas umas poucas linhas destinadas a passageiros, estas sem nenhum investimento expressivo.

Para um país com uma extensão territorial gigantesca como o Brasil, privilegiar a construção de rodovias tão somente para atender as demandas de empreiteiras e a indústria automobilistica, e ainda deixar as estradas de ferro nas mãos de empresas que buscam apenas lucros no transporte de cargas, é um verdadeiro crime de lesa pátria. A lógica é que ganha-se mais dinheiro com asfalto do que com trilho, e que carga é mais rentável do que passageiro. Resta a população, a maior vítima destas negociatas, sofrer dentro de coletivos lotados e sobreviver a um trânsito caótico que mata e mutila mais do que conflitos armados. O sistema capitalista é mesmo implacável.

Nestes 150 anos de ferrovia no Brasil, qualquer comemoração soaria como um deboche. A data requer reflexão, indignação e protesto.


*Latuff é cartunista

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