segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Restauro futuro sairá caro

TRIBUNA IMPRESSA Araraquara, 21 de dezembro de 2008

Restauro futuro sairá caro


Daniel BarretoParte serrada do gradil de madeira de lei no mezzanino da estaçãoTambém a convite do Tô!Ligado, o restaurador José Sérgio Martins esteve na Estação Ferroviária de Araraquara para analisar alguns pontos da reforma que podem prejudicar uma futura restauração do prédio, caso ele venha a ser tombado. Além da escada e do elevador, Martins cita o balcão construído em torno da escada e as portas de vidro como elementos que descaracterizam toda a área de maior circulação da estação. "O piso hidráulico que foi quebrado para a instalação do elevador só poderá ser recuperado se for encontrado um artista que faça exatamente este tipo de trabalho, lâmina por lâmina. Além disso, a forração da parte de cima foi totalmente mudada. Como vamos saber qual era o desenho original? A carpintaria é uma arte, e como toda arte precisa ser respeitada e os carpinteiros da ferrovia eram reconhecidos por realizarem trabalhos excepcionais. Para onde vai toda esta história?", questiona Martins. Uma futura restauração do gradil do mezzanino, que foi serrado para dar acesso à escada, não comportará, segundo Martins, uma emenda na madeira de lei, toda trabalhada, por melhor que seja o marceneiro. "Com o corte, o gradil perdeu pelo menos 4 cm de cada lado. Não é possível colar a madeira desta forma. Para fazer um restauro, todo o gradil deve ser reconstruído para ficar realmente como era", avalia. Para o restaurador, o projeto da reforma criou em cima de uma arquitetura já existente. Em sua opinião, se o profissional responsável pelo projeto tivesse a mínima consciência do que é um patrimônio cultural, não teria feito estas intervenções sem consultar um historiador ou outros profissionais que pudessem ajudar a intervir o menos possível no que era a estação. "Não tem cabimento você colocar um museu ferroviário em um prédio que foi mudado, em que a tipologia de estação não foi preservada como merecia", conclui Martins. Tanto para Cristina Simão quanto para Martins, qualquer obra em patrimônio arquitetônico histórico, tombado ou não, deve implicar a contratação de uma equipe multidisciplinar que inclua desde arquiteto especializado em restauro - seja por cursos ou experiência empírica-, historiadores, engenheiros e, se for o caso, um químico, dependendo da complexidade dos serviços necessários no imóvel.TombamentoUm pedido de tombamento do imóvel da Estação Ferroviária já se encontra no Condephaat aguardando avaliação. Quando sair do chamado status de "guichê" (de pedido apenas), o prédio passará por análise de técnicos do órgão, que poderão decidir pela retirada de todos os elementos que interferirem nas características originais do prédio. Neste caso, o elevador e a escada deverão ser reinstalados em locais apropriados, que mantenham a mesma acessibilidade, mas sem a descaracterização da arquitetura original. Segundo Martins, esta realocação não sairá barata para a população, que já está pagando pela reforma.Luciana Mendonça
A DESASTRADA INTERVENÇÃO NO PRÉDIO DA ESTAÇÃO NÃO PASSOU UMA OBRA REALIZADA ÀS PRESSAS COM O ÚNICO INTUITO DE PODER INAUGURAR.
NÃO SE LEVOU EM CONTA A OPINIÃO DE PESSOAS REALMENTE COMPETENTES, QUE PODERIAM OFERECER SUA OPINIÃO.
O RESULTADO É ESSA IRRESPONSABILIDADE QUE AFRONTA E DESRESPEITA A MEMÓRIA DOS CIDADÃOS DE ARARAQUARA.
Proteste já! Envie seu e-mail para
prefeituradeararaquara@araraquara.sp.gov.br

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